sexta-feira, julho 11, 2008

Assim de repente

Morreu em Janeiro de 2007, de cancro nos ovários e na mama. Tinha 56 anos e estava doente há oito. “E durante esses anos”, disse Angelina, “conheceu os meus filhos, ajudou-me a ser mãe, a transformar-me numa mulher melhor e ensinou-me sobre o que é morrer.” (entrevista a Angelina Jolie, Vogue – Agosto 2008). Desato num choro desalmado! Choro porque 56 anos é muito cedo para morrer, 54 foi ainda mais cedo. Choro porque tenho medo da morte, se calhar tentou ensinar-me mas não aprendi… Choro porque, também, me ensinou a ser mulher (melhor! ...aos olhos dela, pelo menos). Choro, porque também queria ajuda no ser mãe, e essa é das maiores faltas que sinto, o não conhecer o meu filho. Choro, por não poder viver pelo menos 1 minuto de vê-los aos dois, frente a frente, aquele minuto de: Olha este é o MEU filho! Choro pela saudade, choro pela lembrança da dor! O cancro dói e corroie quem tem e quem está à volta. Choro pela tristeza no rosto da minha avó quando a olhava, o olhar de “trocava de posição contigo, porque sou a tua mãe e sofria por ti… morria por ti.”
Fecho os olhos, inspiro e ainda lhe sinto o cheiro do cabelo e choro porque queria mais, queria mais toque de cara, queria mais ouvir gargalhadas de encher uma sala e contagiar todos. Choro porque nunca sequer andou de avião, porque “um dia vou quando os meus filhos estiverem criados e não necessitarem de mim"… (dizia) havia de ir… nunca foi! Choro porque viveu para nós (filhos), “a melhor coisa do mundo”, e eu agora sei o que significa aquele amor “melhor coisa do mundo”. Choro pelo meu “egoísmo” dos últimos dias de a querer cá … no entanto era facto que estava a sofrer, só eu não via e não queria ver… ia passar (pensava). Não passou! Choro pelo último momento, não sei se me via (acredito que sim), o último olhar, último sopro nos meus braços, perante o meu silêncio inerte duma escuridão interior que choro e que podem passar os anos que passarem vou sempre chorar, assim de repente! Choro-te mãe, e ás vezes tenho mesmo que te chorar porque me alivia.

entretanto… até à próxima!






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