segunda-feira, agosto 06, 2007
Leituras desafiadas...
RICOS, BONITOS e LOUCOS – MANUEL AROUCA
“Ricos, Bonitos e Loucos” é um livro sobre uma geração com valores muito próprios para quem o bem-estar económico substitui os ideais e os mitos das gerações anteriores. Com uma escrita minimalista e meramente descritiva bem ao estilo de Bret Easton Ellis, sem tomada de posições ou juízos de valor, Manuel Arouca relata um meio social e uma geração que conhece bem. O resultado é um livro ágil, muitas vezes divertido, por vezes amargo, que se lê de um fôlego.
VIELA DA DUQUESA – SVEVA CASATI MODIGNANI
Viela da Duquesa: Nápoles, 1910. Numa das muitas casas pobres da Viela da Duquesa, onde Rosa Avigliano vive com a sua numerosa família, surge de repente uma jovem mulher elegantemente vestida: ela quer que Rosa lhe prepare um feitiço para conquistar o amor do marido. Teresa, a mais velha das crianças Avigliano, fica boquiaberta perante tão extraordinária aparição. Imaginativa e sonhadora, ela gostaria de transpor os limites daquelas vielas sem ar nem luz, onde viu morrer de miséria, de doença e de fome amigos, vizinhos e até o irmão mais novo. Aquela visitante misteriosa encarna aos seus olhos de rapariga tudo aquilo que até ali lhe foi vedado. Mas a bonita desconhecida não é tão feliz como Teresa imagina (...) Com o destino por cúmplice, nasce entre a princesa e a rapariga do povo uma ligação que as irá manter unidas durante toda a vida. Ambas atravessam o século que há pouco tempo terminou, sofrem duas guerras mundiais, empenhando-se na luta pelas reivindicações sociais e pela conquista do direito das mulheres à dignidade.
O FIO DA NAVALHA – SOMERSET MAUGHAM
Larry Darnell, um jovem americano da alta burguesia que conhecera a morte nos campos de batalha da Primeira Guerra na Europa, volta para a cidade em que nascera (Chicago) em estado de choque. Abandona tudo confortos materiais para buscar o sentido da vida. A acção corre entre os anos 20 e 40 em lugares tão díspares quanto Chicago, Paris, Marselha, Índia e ranchos no Texas.
AS CINZAS DE ANGELA – FRANK MACCOURT
(recomendo também a sequela deste livro - de nome: "Esta é a minha Terra".)
Trágico, humorístico, violento, mas real. Sim...este livro é isso e muito mais. Cinzas de Angela relata a vida de um rapaz na sua terra natal, a Irlanda. Fala da fome que passou, a miséria em que vivia, os irmãos que iam morrendo de frio, a mãe que assistia impotente, o pai alcoólico que gastava o sustento da família na bebida. Esta obra mostra-nos o pesadelo de uma vida e conseguiu tornar o mais macabro, no mais cómico. O narrador conta uma parte da sua vida, procurando transformá-la numa ironia.
«Tenho nove anos e tenho um amigo, o Mikey Spellacy, que tem a família toda a morrer por causa da tuberculose. Eu tenho inveja do Mikey porque sempre que alguém da família morre, ele fica uma semana sem ir á escola, e a mãe dele cose-lhe um losango de tecido preto à manga para ele poder andar pelas vielas e pelas ruas e todos ficam a saber que ele teve um desgosto, e então as pessoas fazem-lhe festas na cabeça e dão-lhe dinheiro e rebuçados. Mas, neste Verão o Mikey está triste. A irmã dele, a Brenda, está a morrer de tuberculose e ainda é só Agosto, e se ela morrer antes de Setembro, ele não vai faltar uma semana á escola, porque ainda não há aulas.»
NINHO DE VIBORAS – LINDA DAVIES
(digam se não é chique uma sinopse em inglês???, basicamente este livro retrata o mundo da corrupção no mundo da alta finança, mas está um drama bem esgalhado gostei bastante...)
When evidence surfaces in London and Milan of a billion dollar conspiracy at the heart of the world's financial system, the chief suspects are a government banker, the Mafia and a merchant bank. Undercover agent, Sarah Jensen finds herself in a "nest of vipers".
O Perfume é, sem dúvida, um romance estranho. Tendo como palco uma excelente reconstituição da França do século XVIII, modos e hábitos sociais, a história transporta-nos através da vida de Grenouille, um homem que nasceu
diferente, viveu diferente e morreu diferente. Dotado de um olfacto extraordinário, o personagem vive numa dimensão alternativa, utilizando o nariz onde o comum dos mortais utilizaria os cinco sentidos. Mais inquietante ainda é o facto de ele próprio ser desprovido de odor corporal, o que leva a sociedade a encará-lo com um misto de indiferença e horror.
Todo este mundo irreal e de certa forma sobrenatural acaba por ser um pretexto que o autor utiliza engenhosamente a fim de explorar as paixões básicas que movem a humanidade: o erotismo, o poder, a necessidade de afirmação e a procura de si próprio, retratada aqui na busca do perfume ideal. E embora esta seja a história
de um assassino, o próprio nome o indica, os crimes acabam por diluir-se na globalidade do livro, como que desculpados pela pureza das intenções destituídas de qualquer tipo de moralidade. Essa frieza e resolução tornam-se mesmo assustadoras quando comparadas com as vidas das outras personagens que cruzam a história, de certa forma mesquinhas ao lado da de um monstro. A simplicidade com que Grenouille encara a vida é desarmante, e embora saibamos que se trata de uma aberração da natureza,
consegue pôr em causa o conceito de vida e o porquê de viver. Enquanto os outros se entretêm em existências superficiais procurando apenas garantias materiais e sociais, ele quer saber quem é, e mesmo a adoração de todos de nada lhe serve quando chega à conclusão de que nunca se poderá descobrir. É a procura infrutífera da razão da existência que é debatida, pondo a nu inconsistências e perguntas por responder. É por este motivo que o fim deixa um travo amargo, já que não se retiram conclusões e só a dúvida fica no ar.
Trata-se de um livro que deve ser consumido de mente aberta, deixando de lado preconceitos e juízos de valor, porque só assim se poderá apreender a beleza de cariz mórbido que se desprende das páginas e a crítica subjacente: quanto somos frágeis e dependentes do nosso eu animal.
COMO ÁGUA PARA CHOCOLATE – LAURA ESQUIVEL
Neste romance tudo gira em torno da cozinha. Cada capítulo é aberto com uma receita, em torno da qual não só se aglutinam os comensais como também se "cozinham "coalham" amores e desamores, risos e prantos.
entretanto... até à próxima!
-Do Manuel Arouca nunca li nada, mas já não é o primeiro livro que me recomendam.
-Da Sveva Casati já li uns 5 ou 6, mas o meu favorito é claramente este Viela da Duquesa, que destacas. acho que a história está muito bem contada e o facto de abranger várias gerações está muito bem feito!
-O fio da Navalha tenho aqui em casa para ler. Emprestaram-mo e ainda não cumpri a promessa.
-As Cinzas de Angela não conhecia, mas parece-me ser uma óptima sugestão!
-O perfume é um livro genial! Dos meus favoritos de sempre!!! Nem é preciso tecer comentários... é ler e mais nada!
-O "Como água para chocolate", já li, mas não apreciei especialmente. Aquela cena dos fósforos confundiu-me o esquema mental... mas acho que não o li na altura certa. Era demasiado miúda! Daí qu tenha de o voltar a ler um dia destes.
Boas sugestões! ;)
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desculpe!
...
tentei! mas foi inutil-d!
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obrigado!
...Manél-d! diz à malta que não se esqueça do "protectôre"!!!
Dos outros que apontas, também li o "Como Água Para Chocolate" e gostei bastante.
andamos aqui muito devagarinho com a sombra do vento, do carlos ruiz zafón.
o fio da navalha é excelente foi a madame que mo apresentou muito bom ;P
Beijocas encaracoladas p'a ti e para o teu bébe lindo !!!!
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