quinta-feira, setembro 22, 2005
De Almada... para quem quiser ler...
"Auto-retrato" 1943 - Almada Negreiros
Ergo-me pederasta apupado de imbecis,
divinizo-Me Meretriz, ex-libris do Pecado,
e odeio tudo o que não Me é por Me rirem o Eu!
Satanizo-me Tara na Vara de Moisés!
O castigo das serpentes é-me riso nos dentes,
Inferno a arder o Meu cantar! (...)
Tu, que te dizes Homem! (...)
Vai vivendo a bestialidade na Noite dos meus olhos,
vai inchando a tua ambição-toiro
'té que a barriga te rebente rã. (...)
Hei-de, entretanto, gastar a garganta
a insultar-te, ó besta! (...)
Tu chegas sempre primeiro...
Eu volto sempre amanhã...
Agora vou esperar que morras. (...)
E vós também, nojentos da Polític
que explorais eleitos o patriotismo!
Maquereaux da Pátria que vos pariu ingénuos
e vos amortalha infames!
E vós também, pindéricos jornalistas
que fazeis cócegas e outras coisas
à opinião pública! (...)
Ah! Que eu sinto claramente que nasci
de uma praga de ciúmes.
Eu sou as sete pragas sobre o Nilo
e a alma dos Bórgias a penar!
«A Cena do Ódio», excerto
entretanto... até à próxima!
Ergo-me pederasta apupado de imbecis,
divinizo-Me Meretriz, ex-libris do Pecado,
e odeio tudo o que não Me é por Me rirem o Eu!
Satanizo-me Tara na Vara de Moisés!
O castigo das serpentes é-me riso nos dentes,
Inferno a arder o Meu cantar! (...)
Tu, que te dizes Homem! (...)
Vai vivendo a bestialidade na Noite dos meus olhos,
vai inchando a tua ambição-toiro
'té que a barriga te rebente rã. (...)
Hei-de, entretanto, gastar a garganta
a insultar-te, ó besta! (...)
Tu chegas sempre primeiro...
Eu volto sempre amanhã...
Agora vou esperar que morras. (...)
E vós também, nojentos da Polític
que explorais eleitos o patriotismo!
Maquereaux da Pátria que vos pariu ingénuos
e vos amortalha infames!
E vós também, pindéricos jornalistas
que fazeis cócegas e outras coisas
à opinião pública! (...)
Ah! Que eu sinto claramente que nasci
de uma praga de ciúmes.
Eu sou as sete pragas sobre o Nilo
e a alma dos Bórgias a penar!
«A Cena do Ódio», excerto
entretanto... até à próxima!
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Almada Negreiros, além da obra plástica, tem uma basta obra de poeta, dramaturgo, romancista, investigador e mitógrafo, das mais originais da nosa literatura e das mais significativas e perturbantes da cultura comtemporânea.
Um abraço.
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